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Foto do escritorAline Arantes

As armadilhas da mente: Como nossos pensamentos podem nos enganar

Nós tendemos a confiar demais nos nossos próprios pensamentos (e sentimentos também). Mas, infelizmente, nosso cérebro nos leva a cair em muitas armadilhas. Quero mostrar a vocês algumas imagens para provar o que estou dizendo:

Qual é a cor dessas bolas? Aposto que vocês veem bolas verdes, azuis e vermelhas (ou laranjas). Mas acreditem, todas essas bolas têm a mesma cor: marrom. Se tirarmos as linhas que causam a ilusão óptica, veremos essa imagem:

É surpreendente como nosso cérebro nos engana. Agora, o que vocês veem nesta próxima imagem?

Aposto que a resposta foi "vários rostos", certo? Mas não existe nenhum rosto na imagem, são todos objetos não humanos. Uma máquina de lavar não possui nenhum rosto. Essas interpretações errôneas que fazemos instantaneamente não acontecem apenas com ilusões de óptica e imagens. Elas ocorrem o tempo todo em nossas vidas e podem ter um impacto negativo.


Pense quantas vezes você costuma prever o que as outras pessoas estão pensando (e essas previsões nunca são positivas). "Sinto que minha mulher não gosta de mim" e "meu chefe não está satisfeito com meu trabalho" são pensamentos frequentes que, na maioria das vezes, não têm boas evidências para serem considerados verdadeiros. Perceber e questionar a validade desses pensamentos é importante para nos ajudar a enxergar a vida de maneira mais realista (e consequentemente, mais positiva também).


Abaixo, listei os erros de pensamento mais comuns que todos nós tendemos a ter e que podem nos impactar. Chamamos esses erros de "distorções cognitivas".


1. Catastrofização: Pensar que o pior de uma situação vai acontecer e, quando acontecer, será terrível e insuportável. Eventos negativos são tratados como catástrofes. Por exemplo: "Perder o emprego será o fim da minha carreira".


2. Raciocínio emocional (emocionalização): Presumir que sentimentos são fatos. Pensar que algo é verdadeiro porque se tem um sentimento muito forte a respeito. Deixar os sentimentos guiarem a interpretação da realidade. Por exemplo: "Sinto que minha mulher não gosta de mim".


3. Polarização (tudo-ou-nada, dicotômico): Ver a situação apenas em duas categorias. Por exemplo: "Deu tudo errado na festa".


4. Abstração seletiva (visão em túnel, filtro mental, filtro negativo): Focar apenas em um aspecto da situação, enquanto outros aspectos são ignorados. Uma parte negativa é realçada, enquanto todo o restante positivo é ignorado. Por exemplo: "A avaliação do meu chefe foi totalmente ruim".


5. Adivinhação: Prever o futuro. Antecipar problemas que talvez não venham a existir. Por exemplo: "Não vou gostar da viagem" ou "Ela não vai aprovar meu trabalho".


6. Leitura mental: Achar que sabe o que os outros estão pensando, desconsiderando outras hipóteses. Por exemplo: "Ela não está gostando da minha conversa".


7. Rotulação: Colocar um rótulo global e rígido em si mesmo, em uma pessoa ou situação, em vez de rotular a situação ou o comportamento específico. Por exemplo: "Sou incompetente" ou "Ela é uma pessoa má" ou "Ela é uma pessoa burra".


8. Desqualificação do positivo: Desconsiderar experiências positivas, achando que elas "não contam" ou são triviais. Por exemplo: "O sucesso obtido naquela tarefa não importa, porque ela foi fácil".


9. Minimização ou maximização: Minimizar características e experiências boas, enquanto maximiza as ruins. Por exemplo: "Eu tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem" ou "Obter notas boas não quer dizer que eu sou inteligente, todo mundo tira notas melhores".


10. Personalização: Assumir a culpa ou se responsabilizar por situações negativas, falhando em ver que outros aspectos também estão envolvidos. Por exemplo: "Não consegui manter meu casamento, ele acabou por minha causa".


11. Hipergeneralização: Perceber em um evento específico um padrão universal. Por exemplo: "Eu sempre estrago tudo" ou "Eu não me dou bem com mulheres".


12. Imperativos ("deveria" ou "tenho que"): Interpretar eventos como as coisas deveriam ser, ao invés de considerar simplesmente como as coisas são. Fazer demandas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequências do não cumprimento dessas demandas. Por exemplo: "Eu tenho que ter controle sobre todas as coisas" ou "Eu devo ser perfeito em tudo que faço".


13. Vitimização: Considerar-se injustiçado ou não entendido. Acreditar que a fonte dos sentimentos negativos é algo ou alguém, evitando ou dificultando a responsabilidade pessoal. Por exemplo: "Minha esposa não entende meus sentimentos" ou "Faço tudo pelos meus filhos e eles não agradecem".


14. Questionalização ("e se?"): Focar no evento naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se pelas escolhas do passado e questionar-se sobre escolhas futuras. Por exemplo: “E se eu tivesse aceitado aquele emprego? Eu estaria mais feliz hoje?” ou “E se eu tivesse me portado de um jeito diferente naquela situação? Aquela pessoa ainda falaria comigo?”.

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