Saber o que é benéfico ou prejudicial para nós e para os outros pode realmente impactar nossas ações? Se considerarmos que temos comportamentos que nos prejudicam, a resposta se torna clara. Compreender como repetimos esses comportamentos problemáticos requer entender que, ao longo da vida, desenvolvemos um piloto automático. São coisas que fazemos repetidamente sem sequer pensar. Sim, é verdade, agimos sem consciência plena de nossas ações, e só percebemos isso quando já fizemos exatamente o que queríamos evitar.
Agir automaticamente traz benefícios ao poupar nossos recursos mentais e nos permitir focar no que realmente importa. Nossa capacidade cognitiva é limitada, e precisamos lidar realisticamente com essa escassez de recursos, colocando em piloto automático os comportamentos relacionados a questões secundárias.
O que costumamos repetir acaba saindo da esfera da escolha consciente e se tornando um hábito. O problema é que isso se aplica tanto a coisas boas quanto ruins. Portanto, quando queremos mudar um hábito, precisamos fazer um esforço mental considerável para obter algum nível de controle.
Existem algumas influências que podem nos fazer voltar aos antigos hábitos, e é importante estar ciente delas para proteger nossos novos e bons hábitos. Dois processos mentais, a atenção e a memória, desempenham um papel fundamental na manutenção dos nossos hábitos e, consequentemente, podem nos colocar em risco de recair nos hábitos que tínhamos abandonado anteriormente. Nosso viés atencional nos faz prestar mais atenção às coisas do nosso passado. Se estivermos focados na pizzaria do shopping, ativaremos os gatilhos dos nossos hábitos alimentares incompatíveis com a meta de emagrecimento. Nesse momento, se torna mais difícil resistir à pizza do que se essa informação não tivesse sido relevante na nossa tomada de decisão. Da mesma forma, a maneira como formamos e relembramos nossas memórias também é afetada pelas nossas emoções. Isso significa que a forma como você memoriza as experiências passadas têm um impacto direto na maneira como você agirá no futuro.
Referência:
Kahneman, D. (2012). Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva.
Cardoso, R. C., Malloy-Diniz, L. F., Lins e Horta, R., & Garcia, F. (2017). Livre-arbítrio: uma abordagem interdisciplinar. Belo Horizonte, MG: Artesã Editora.
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